Hoje iniciamos o comentário desta obra magnífica da literatura brasileira, e ao final deste texto sugiro uma leitura dinâmica a dois
O AUTO DA COMPADECIDA - ARIANO SUASSUNA
Ariano Vilar Suassuna (1927-2014), nascido na cidade de João Pessoa/PB, foi um grande escritor e dramaturgo brasileiro, sua principal obra O Auto da Compadecida ganhou bastante fama ao tornar-se filme, vindo a ser reprisado várias vezes nas telas das televisões brasileiras. O mesmo também já escreveu diversos outros livros como: - O Santo e a Porca; - Uma Mulher Vestida de Sol; - Fernando e Isaura entre outras. Boa parte de suas obras foram adaptadas (ou até mesmo escritas) para o teatro, onde também rendem um belíssimo espetáculo aos amantes deste tipo de arte. Outro motivo bastante importante para você conhecer mais sobre essa pessoa fantástica, está pelo fato dele ser uma referência da nossa cultura popular brasileira, principalmente a nordestina, ao retratar em suas obras aspectos da vivência regional.
Tendo como cenário uma pequena cidade do interior do nordeste, a trama se constrói na história de dois personagens principais, Chicó e João Grilo. Chicó é uma pessoa bastante medrosa, e também um grande contador de histórias (tipo daquela de pescador onde ninguém acredita), pelo qual ao ser questionado sobre as mesmas sempre usa-se de um bordão bastante conhecido “não sei, só sei que foi assim”. Chicó é o melhor amigo de João Grilo, o “quengo” mais inteligente do nordeste, ele se mete em cada situação e com um toque de genialidade consegue escapar de qualquer cilada. Ambos vivem em um cenário de bastante pobreza, tendo que a cada dia lutar para não morrer de fome, em cima disso a dupla passa por cada situação engraçada, como a bênção e enterro de uma cachorra, a entrevista de João Grilo com o major Antônio Moraes, o gato que “descome” dinheiro entre outros
Um dos momentos épicos da leitura está em após João “enrolar” os cangaceiros, resultando na morte do líder do bando (Severino) com a história da gaita benta, o mesmo também é vítima de uma bala de um dos cangaceiros vindo a morrer, sua alma é encaminhada para uma espécie de julgamento com figuras da cultura cristã, sendo eles: Jesus Cristo, Nossa Senhora e o Diabo. Até no pós vida João ainda continua sendo um excelente negociador, conseguindo um lugar no purgatório para seus amigos (Padre, Bispo, Padeiro e Dorinha) que também morreram nesta cena com os cangaceiros. Contudo, devido às suas diversas “trapaças” e mentiras contadas durante sua vida, o caminho para sua própria salvação torna-se mais complicado, nem ele mesmo acredita mais ser capaz já que “és o momento da verdade” e não há mais como “se virar” igual na terra, porém, Nossa Senhora se compadece pela vida tão sofrida de João Grilo (assim como de muitos nordestinos) e sugere uma segunda chance voltando a terra, que é atendido por Jesus
Um fato bastante curioso a respeito sobre a obra o Auto da Compadecida, é que não foi escrito de uma única vez, onde ao passar do tempo foram acrescentadas novas histórias pelo autor, por isso podemos encontrar versões diferentes entre os livros e até mesmo da vista na televisão. Na versão que li por exemplo, ao invés do major Antônio Morais ter uma filha (Rosinha), o mesmo havia um filho onde João Grilo vai buscar na capital, por esses e outros motivos não comentarei sobre o final da história. Contudo, mesmo assim independentemente da versão que você obtenha, ainda será uma ótima aventura sua leitura, principalmente para quem ainda não teve contato com essa grande obra literária de nossa cultura.
Bom, agora chegamos no “morango da torta” (para quem ficou curioso no enunciado, a parte favorita), quando fazia ensino médio li O Auto da Compadecida com uma amiga, por ser em formato de peça, cada um ficava com a fala de um dos personagens, resultado começamos a NAMORAR (infelizmente não, e hoje não faço a mínima ideia por onde anda, caso a moça citada leia isso mande um sinal rsrs). Agora falando sério, foi uma experiência incrível que nunca mais repeti (na verdade estava esquecido até me lembrar que havia lido este livro), a partir de hoje estarei me organizando para recriar novamente esse modo de leitura, e assim que terminar contar tudo à vocês. Portanto, que tal criarmos como meta para os próximos dias de fazer uma leitura a dois, convidar aquela pessoa que você é próxima para criar essa experiência em sua vida, não precisa necessariamente ser alguém que você queria ter algo afetivo, afinal de contas amigos no assistem a um filme juntos, porque não também ler um livro.
Após este post eu irei me comprometer em três desafios:
- Contar a experiência de uma próxima leitura a dois;
- Os cinco primeiros que nos enviarem um email contando sua experiência de uma leitura em dupla postarei aqui; e
- Uma lista com livros para serem lidos a dois.
Não irei estabelecer datas, já que alguns fatores não depende só de mim, porém, irei me esforçar ao máximo para cumprir essas três metas. Se você deseja conferir essas futuras postagens, logo abaixo nos mande um comentário com a hashtag #LivroaDois, onde assim que algo for postado irei enviar, por isso também é importante você colocar seu melhor email para facilitar a comunicação.
Após sua leitura (A DOIS) nos conte como foi sua experiência, respondendo:
Quais personagens cada um foi?
Foi a primeira leitura a dois, como foi?
Após sua leitura (SOZINHO) nos conte como foi sua experiência, respondendo:
Qual dos personagens você mais se identificou? Por quê?
Quais as diferenças você achou do livro com o filme?



